segunda-feira, 20 de março de 2017

O GIZ E A LOUSA



Poucos se dão conta de que, como diz Hannah Arendt, a essência da educação é a natalidade, "o facto de que os seres humanos nascem no mundo".

Os professores, as pessoas que trabalham no ensino, as escolas e os seus equipamentos, só se justificam pelo facto dos que chegam ao mundo trazerem a "ardósia" completamente limpa, como se nenhum cálculo e nenhuma frase tivessem sido ainda inventados.

Nessa passagem de testemunho, está toda a nossa esperança. Não importa que o passado nos contemple das platónicas alturas, se educarmos os novos como estranhos a esse passado. Durante séculos, vigoraram alguns preconceitos que garantiam o crescimento da árvore humana a partir das suas raízes.

O espírito crítico (que nasceu na Grécia Antiga), responsável pelos grandes avanços da ciência, torna-se criticista quando esquece que "o desaparecimento dos preconceitos significa muito simplesmente que perdemos as respostas sobre as quais normalmente nos apoiamos, sem nos darmos conta de que na origem elas eram respostas a questões." ("La crise de l'éducation" - Hannah Arendt)

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